Para mostrar como os filmes pipoca são feitos atualmente, o The New York Times encomendou um argumento ridículo e o submeteu a executivos de marketing e produtores. O resultado foi assustador, algo encontrável apenas no absurdo das subtramas de Arrested Development, quando a Maeby virou executiva de um estúdio. O que a gente tem visto nas telas é exatamente isso e, por essa eles não esperavam, os números nas bilheterias não têm rendido como esperado (lê-se O Cavaleiro Solitário, O Homem de Aço, Depois da Terra etc). Para dar uma rápida resumida, quando a crise econômica de 2008/2009 assolou Hollywood, os estúdios pararam de adquirir filmes independentes, cortaram os de baixo e médio orçamentos e se concentraram nos blockbusters para agradar e faturar o máximo possível. Vimos coisas boas, mas como disse o Brad Bird em seu twitter: “Filmes são sonhos. A forma como Wall Street fala deles é um pesadelo”. Muitas mãos colocando fermento no bolo fazem ele ficar solado.
Dito isso tudo, eu revelo que João e Maria: Caçadores de Bruxa fez meu olho esquerdo sangrar. É só mais um exemplo do que a cabecinha dos executivos de lá estão pensando. É como o Red, White and Blood do NYT ou um Van Helsing que deu menos certo ainda. E o pior, vai ter continuação.
Alguém na Paramount teve a ideia de adaptar João e Maria, já que Branca de Neve e Chapeuzinho Vermelho já tinham ganhado seus respectivos filmes. Então, como fazer?
– Ah, tem que ter uma pegada pop, afinal, é para adolescentes!
– Mas como fazer pop num vilarejo medieval?
– Sei lá, a linguagem, O Baz Luhrmann não faz essas coisas? Já sei, põe umas jaquetas de couro nos protagonistas. E tem que ter armas bem mirabolantes, tipo inventadas pelo Da Vinci.
Além das jaquetas de couro e das poses, “awesomes” e “I fucknig hate” pipocam a todo momento. Você ri, pelos motivos errados (e são muitos), nos primeiros dez minutos, mas depois você pensa: “pqp, que filme ruim”. O pior de João e Maria é que ele te trata como um imbecil incapaz de entender sua história boba e rasa, ele faz questão de se explicar para que não haja dúvidas de que o objetivo é matar as bruxas, algumas espirram tonéis de sangue, outras morrem na paz. Não dá para classificá-lo como trash ou gore, é só muito ruim. Mas uma coisa o filme tem de inovador, que é mostrar o que os atores estão pensando em cena, tipo o Jeremy Renner, que passa o filme todo tentando lembrar por que aceitou fazer aquilo.
E você me pergunta, por que raios eu vi João e Maria: Caçadores de Bruxa? Minha irmã me ligou dizendo que meu cunhado tinha comprado alguns filmes, a maioria eu já tinha visto ou não tinha interesse. Com pé atrás, pedi o J & M porque alguém tinha me dito que era legal (lembrar de nunca aceitar sugestões desta pessoa). Pelo menos serviu para falar mal dele.
Ah, eu gostei dele hahaha. É o tipico filme que desligo o cérebro e curto sem pensar muito. Fora que tem o Renner, então eu tive um motivo a mais para ver
Eu achei raso, mas também curti, concordo com o Fausto. E ainda vi em 3D, hehehehehe.
Rolando de rir! Vai ser meu presente de inimigo oculto.
Passando aqui só para elevar a qualidade do conteudo do post hahah
http://www.vulture.com/2013/07/six-feet-under-successor.html
Por um segundo achei que era um argumento de que João e Maria é um bom filme. hahaha.
Adorei. Engraçado que hoje eu vi o trailer de Saving Mr. Banks e vi a Rachel Griffiths. Tentei imagina quando ela, qualquer um do elenco ou o próprio Alan Ball fará algo do mesmo nível de SFU.
Mandou bem, Fausto! Eu tive até de compartilhar no face.