voltando ao cinema, o lugar silencioso

Como a grande maioria das pessoas, há quase um ano e meio não botava os pés numa sala de cinema. E como senti falta do ritual de sair de casa para ver um filme. Quando vi O Som do Silêncio, que tem um desenho de som tão minucioso, imaginei como teria sido a experiência no cinema. Sim, porque o cinema é uma experiência ao mesmo tempo individual e coletiva. Você pode ter o melhor sistema de áudio e vídeo do mundo que não vai chegar aos pés de ver um filme no cinema.
A pandemia acelerou a constatação de que cinema, televisão e streaming se fundiram e dificilmente se separação. Os filmes da Warner e da Disney vão estrear simultaneamente ou não no aplicativo e no cinema, mas todos chegarão às suas respectivas plataformas pouco mais de um mês depois da estreia.
Bateu um nervoso de ir para uma sala fechada e ficar nela por umas duas horas, mas foi tranquilo. Éramos uns 12 espalhados a uns 4 ou 5 metros de distância um do outro, mas confortável que fazer supermercado.
O filme de reestreia foi Um Lugar Silencioso – parte 2, perfeito para se ver na tela grande e com o melhor som possível, justamente a sequência de um filme que vi na TV e por isso não me disse tanto. E que filme. Cinema com C maiusculo! A sequência inicial, e que costura essa segunda parte a primeira, é de prender a respiração e ficar na ponta da cadeira.
William Friedkin, diretor do talvez maior terror do cinema, O Exorcista, rasgou elogios ao filme. O classificou como “um filme de horror clássico”, e ele está absolutamente certo. O John Krasinski sabe o que mostrar, o que esconder e como mostrar. Ele estica o cabo até a tensão ficar quase insuportável e não poupa seus personagens. Talvez tenha repetido demais alguns sustos, mas nada que comprometa o resultado final. E o elenco é inacreditável em seu sofrimento. Emily Blunt é aquele poço de talento que o mundo conhece, o Noah Jup continua tão incrível como quando roubou a cena em Extraordinário, mas o filme é pra Millicent Simmonds. Não sei se ela vai seguir a carreira, mas ela tem uma solidez admirável. E ainda tem o meu amado Cillian Murphy, sempre dúbio com aquele olhar de água parada.
Eu passei o filme todo sentindo todas as dores e medos dos personagens e por duas horas esqueci que estava numa pandemia com o pior governo que poderia ter para o momento. É isso que o cinema faz.

cruella, a anti-heroína

Há alguns filmes que conseguem ser muito mais inteligentes que precisariam. É o caso de O Diabo Veste Prada e também de Cruella, o primeiro live action baseado em animação da Disney que tem personalidade. Os dois filmes inevitavelmente se comparam: têm a moda como pano de fundo e também uma vilã narcisista que trata seus subalternos com todo o desdém possível. Em Cruella, essa vilã ainda não é a Cruella, mas a Baronesa interpretada pela sempre excelente Emma Thompson. Cruella ainda é Estella (Emma Stone), uma aspirante a estilista realmente genial que só precisa de uma oportunidade. Enquanto ela não chega, pratica pequenos furtos e roubos com seus parceiros Jasper (Joel Fry) e Horace (Paul Walter Hauser). Obviamente, seu destino cruza com a da Baronesa, que instantaneamente enxerga essa fagulha que Estella tem. Em pouco tempo, as duas se digladiam por relevância na ebulição da Londres dos anos 1970.

Tanto em O Diabo Veste Prada quanto no livro de onde ele saiu, é dito várias vezes que qualquer menina daria um braço pela oportunidade de trabalhar com Miranda Priestly. No filme, vemos uma Meryl Streep sem maquiagem num momento de sinceridade sobre a pressão de ser quem é e a luta para se manter ali. Cruella toca na mesma tecla e ainda questiona a loucura e a maldade. A música dos créditos finais, da Florence and the Machine, diz “me chame de louca, me chame de insana”. A maldade é um subproduto da loucura? Como se pode fazer um filme sobre uma mulher que quer fazer uma roupa com pele de dálmatas? Não é um filme perfeito, tampouco super profundo, mas são duas perguntas que fazem de Cruella um filme muito superior aos live actions que a Disney quer transformar em novos clássicos.

Por trás das câmeras, nomes que fogem do padrão Disney, como o roteirista Tony McNamara, de A Favorita e da série The Great; e o diretor Craig Gillespie, da loucura de Eu, Tonya, A Garota Ideal e vários episódios de United States of Tara. Os cenários também escaparam do verniz conto de fadas mas é interessante que a fotografia conseguiu captar a ambientação da animação. E assim como a Milena Canonero conseguiu imprimir de primeira os figurinos de Maria Antonieta (da Sofia Coppola) como um marco visual (só quem viveu sabe a avalanche que foi 2006), a também veterana Jenny Beavan (Mad Max: Estrada da Fúria) fez o mesmo com Cruella, que desfila 47 trocas de roupas. Alexander McQueen, Vivienne Westwood, Galiano na época da Dior, David Bowie, Lady Gaga e até a Maria Antonieta – todo mundo misturadinho e transformado num delírio visual rebelde e sem medo de errar. Quem errou foi a Disney, que licenciou as criações de Beavan e não pagou um tostão pra ela, tal qual a Baronesa do filme.

Continuação já anunciada pela Disney e retorno de Emma Stone, Tony McNamara e Craig Gillespie.

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OS CUNHADOS

Cameron Diaz e Nicole RichieIMG_3960

Antes de mais nada, vale lembrar que Nicole é filha adotiva do grande Lionel Richie. Ela se casou com Joel Madden e Cameron se casou com o irmão dele, Benji. Nicole diz que serviu de cupido para Cameron e Benji. Os quatro costumam sair juntos. Aliás, os cinco. Sõ super família!

Stanley Tucci e Emily BluntIMG_3975Os dois atores se tornaram amigos nos bastidores de O Diabo Veste Prada. Em 2010, Emily se casou com John Krazinski e Stanley foi um dos convidados. No casamento, ele conheceu a irmã mais velha da Emily, Felicity Blunt, com quem se casou em 2013.

Scott Foley e Patrick Wilson IMG_3984

Se você anda na montanha-russa da Shondaland, sabe quem é Scott Foley (Grey’s Anatomy, Scandal). Ele é casado com a modelo Marika Dominczyk, que é irmã da atriz Dagmara Dominczyk, casada com Patrick Wilson. 

OS PRIMOS E SOBRINHOS

Jason Schwartzman, Robert Schwartzman, Roman Coppola, Sofia Coppola e Nicolas Cage

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Roman, Sofia, Jason, Robert e Nicolas

Na verdade, a família é grande e todos estão no ramo, mas estes são os primos mais conhecidos. A diretora e roteirista Sofia Coppola e o irmão Roman, também roteirista, são filhos do grande Francis Ford Coppola. A mãe de Jason e Robert Schwartzman, a atriz Talia Shire, é irmã de Francis Ford. E o pai de Nicolas Cage (nascido Nicolas Kim Coppola), o produtor August Coppola, é outro irmão de Francis. São praticamente um clã.

Emma, Eric e Julia Roberts IMG_3992

Emma Roberts é filha do ator Eric Roberts e sobrinha de Julia Roberts. Emma cresceu em Nova York sob a guarda da mãe. Quando criança, fez várias visitas aos sets de filmes da tia, que a influenciou a seguir a carreira de atriz. Uma outra irmã de Julia também é atriz, Lisa Roberts Gillan, que faz pequenas participações, principalmente nos filmes da irmã e foi até dublê dela em Espelho, Espelho Meu.

William Mapother e Tom Cruise IMG_3959 

Você pode não o conhecer de nome, mas certamente já viu William em algum filme ou série. Ele é primo do Tom Cruise (Thomas Cruise Mapother IV) e os dois já fizeram um filme juntos: Minority Report.

George Clooney e Miguel Ferrer IMG_3962 

Foi Miguel quem conseguiu o primeiro papel para Clooney, em 1978. Ambos passaram os anos seguintes fazendo pequenoas participações na televisão. Em 1994, a carreira de George deslanchou de vez como o pediatra Doug Ross, de ER (Plantão Médico). Ferrer fez uma participação na primeira temporada. George virou o novo galã de Hollywood, migrando de vez para o cinema. Ferrer continuou alternando televisão com cinema e dublagens em animações. Ficou conhecido por suas participações nas séries Twin Peaks, Crossing Jordan e NCIS: Los Angeles. Ele faleceu em janeiro de 2017, vítima de câncer. Clooney fez uma bonita homenagem.

OS IRMÃOS

Shirley MacLaine e Warren Beatty IMG_3985.JPG

Ambos mudaram as grafias dos sobrenomes. Shirley foi batizada assim em homenagem à Shirley Temple. Nasceu Shirley MacLean Beaty. O irmão caçula decidiu adicionar um “t” em Beaty, segundo ele, para que as pessoas pronunciassem seu sobrenome corretamente, embora a pronúncia seja a mesma com um ou dois “t”s. A mãe disse que a intenção era para ter o mesmo número de letras que o nome e assim parecer melhor nos créditos.

Andrew, Owen e Luke Wilson 

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Luke, Owen e Andrew

Quase sempre a gente esquece do irmão mais velho dos Wilson, mas foi Andrew quem começou a atuar em pequenos filmes (dois, na verdade). As coisas engrenaram para eles quando Owen conheceu Wes Anderson e os dois escreveram o curta Bottle Rocket. Dois anos depois, o curta virou longa com os três no elenco. O último filme em que eles atuaram juntos foi Os Excêntricos Tenenbaums – embora a aparição do Andrew tenha sido apenas de sua mão.

Os irmãos Baldwin 

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Alec, William, Stephen e Daniel

Todo mundo sabe que o Alec Baldwin tem vários irmãos atores, mas ninguém sabe exatamente quantos. São quatro! Alec é o mais velho e mais conhecido, o primeiro a virar ator, em seguida vêm Daniel, William e Stephen. A última notícia deles como irmãos envolve as recorrentes participações de Alec como Donald Trump no Saturday Night Live. Stephen se tornou um cristão ultra conservador apoiador de Trump e não gostou nem um pouco das sátiras do irmão mais velho. E por causa disto, Stephen e William, que gosta de uma treta, lavaram bastante roupa suja no Twitter. Stephen participou do The Celebrity Apprentice, apresentado por Donald Trump.

Charlie Sheen e Emilio Esteves  IMG_3986

Os dois não poderiam ser mais diferentes. Martin Sheen, o pai, nasceu Ramón Antonio Gerardo Estevez e criou seu nome artístico numa homenagem ao diretor de elenco da CBS, Robert Dale Martin, e ao arcebispo Fulton J. Sheen. Ele teve quatro filhos, todos atores: Emilio, Ramón, Carlos e Renée. Apenas Carlos adotou um novo nome e manteve o sobrenome artístico do pai, virou Charlie Sheen. Apesar de terem vivido uma adolescência bem animada, hoje eles não se dão muito bem por conta dos abusos de drogas e bebidas de Charlie. Recentemente, ele revelou ser HIV positivo.

OS PAIS E FILHOS

Tracee Ellis Ross e Diana Ross  IMG_3961

A ganhadora do Globo de Ouro (Black-ish) Tracee Ellis Ross é filha de nada mais nada menos que Diana Ross! Tracee tem um irmão que também ator, Evan Ross, que é casado com Ashlee Simpson. Ou seja, Diana Ross é sogra da Ashlee Simpson e a gente põe a Jessica de brinde!

Dakota Johnson, Melanie Griffith e Don Johnson IMG_3988  

A Anastasia de 50 Tons é filha de Melanie Griffith (que por sua vez é filha da atriz Tippi Hedren) e do ator Don Johnson. Por muitos anos ela foi enteada de Antonio Banderas.

Stellan, Alexander, Gustaf, Valter, Sam, Bill e Eija Skarsgård

O muso do Lars Von Trier não devia ter televisão em casa. Stellan e a médica My Skarsgård tiveram seis filhos! O primogênito Alexander talvez seja o mais conhecido internacionalmente, foi o vampiro Eric, de True Blood, e recentemente foi o Tarzan. Bill, que já tinha feito a série Hemlock Grove, hoje é a sensação como o palhaço Pennywise em It. Gustaf continua na série Viking. Sam é médico como a mãe, mas já se aventurou como ator. Eija, a única menina, é modelo, assim como os irmãos Alexander e Bill já foram. Logo, pode ser que vire atriz. E o caçula Valter ainda não se decidiu.

Stellan e My se divorciaram em 2007, e ele tem mais dois filhos do segundo casamento. Ele diz que reúne todos regularmente, apesar de não ser fácil conciliar todas as agendas. “Se eu ouvir que os meus filhos se comportaram mal e trataram as pessoas mal no set eu ficaria muito perturbado, ficaria mais bravo do que se o filme fosse ruim ou que eles fossem humilhados por causa de um mau desempenho”, disse Stellan. E todo mundo que já entrevistou o Alexander disse que ele é um amor de pessoa.

E por último, Rashida Jones é filha de Quincy Jones!IMG_3987

compre compre compre

Todo mundo sabe que não há xampu no mundo que faça o cabelo se movimentar num doce balanço como uma cortina de seda ao vento, e que o Big Mac vendido na lanchonete mais próxima vem mais sambado que a Globeleza. Mas a gente acredita na imagem. E a publicidade sabe disso. Pelo menos na foto e no vídeo, a ilusão conta muito mais que a realidade.

Como vender um produto para cabelo? A regra primordial é andar, porque cabelo parado não vende. Pode ser numa praia, num iate, numa mansão… Não importa, para fazer efeito, tudo é gravado com chroma key. Ou seja, o cenário é inserido na pós-produção. A gravação é com um fundo verde justamente para que a iluminação possa ser controlada e para que um cara vestido de verde possa fazer os movimentos mágicos no cabelo. Difícil de entender? Só ver o vídeo abaixo.

Por que o sanduíche da propaganda é lindo e o que eu compro parece que foi atropelado? Porque sim. Quer dizer, o sanduíche que a gente compra deveria vir lindo e maravilhoso, mas… A boa notícia é que os ingredientes do sanduíche da foto e da realidade são os mesmos. O McDonald’s do Canadá resolveu mostrar como é a sessão de fotos de um sanduíche. A ideia é que todos os ingredientes fiquem bem visíveis. A rodela de cebola dá altura, o queijo é levemente derretido com secador de cabelo e gotas de catchup e mostarda são estrategicamente pingados.

Mas a carne do hambúrguer e o churrasco  leva uma pincelada de graxa para sapato e tem marcas de grelha milimetricamente marcadas.

Há algo estranho nos modelos de cueca. Bom, é de conhecimento geral que o homem tem pênis e saco escrotal. Ou seja, há traços identificáveis na cueca. Mas por que que nas fotos o volume é suavizado? Bom, o discurso varia de marca para marca. No geral, elas não querem chamar atenção pro volume, e elas acham até que pode ser meio ofensivo se o contorno do pênis (o chamado VPL – visible penis line) estiver evidente. Logo, há alguns truques, mas o mais comum é simplesmente fazer o modelo colocar uma fatia de pão de forma (sem casca) dentro da cueca. Outro jeito é o modelo usar uma jockstrap (suporte atlético), mas o efeito pode ser o oposto. Alguma marcas querem mesmo é pacotão, aí vale colocar anel peniano, meia, fazer um casting mais ousado…

Alguns alimentos simplesmente não aguentam horas e horas de fotografia. Um refrescante copo de refrigerante bem gelado tem gelos de mentira e antiácidos para fazer bastante gás toda vez que é necessário. Já a cerveja tem espuma de detergente para fazer o colarinho e o sorvete nunca é sorvete. Ou é purê de batata (mistura pronta) com corante ou uma mistura de amido de milho com açúcar de confeiteiro e gordura. E chantilly quase sempre é espuma de barbear. Nem frutas e legumes escapam dos truques, tacam uma camada de laquê ou desodorante para dar aquele brilho!bolo

Mais um: Como fazer o cereal não afundar no leite? Simplesmente substitua o leite por cola branca!

o bigode e o volume do superman

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A Warner vai gastar um dinheirinho a mais para apagar digitalmente o bigode do Henry Cavill no filme da Liga da Justiça. Mas por que raios o Cavill não raspa o bigode? Bom, não é nenhuma exigência divônica dele. Acontece que A Liga da Justiça teve que passar por refilmagens (mais um estouro no orçamento) desde que Zach Snyder deixou a produção e Joss Whedon assumiu a direção, e as refilmagens coincidiram com as de Missão Impossível 6, onde Cavill aparecerá de bigode. E o Paramount, estúdio de M:I 6, não quis nem saber, não autorizou o ator a raspar.

Apagar um bigode e outros pequenos detalhes são efeitos digitais muito frequentes, mas que na maioria das vezes a gente nem nota. Teri Hatcher teve os mamilos suavizados (ou apagados) na pós-produção da série Desperate Housewives. As más línguas diziam que ela se recusava a usar um sutiã, mas ela sempre negou e culpou o frio pelo super enrijecimento de suas partes. O Superman (ou seria Supermen) também teve suas partes envolvidas em polêmica.

Quando Superman Returns (2006) foi lançado, circulou um rumor de que a Warner tinha mandado diminuir o pacote do Brandon Routh. Eu mesmo já espalhei esta história aqui no blog, mas não passa de boato, como desmentiram o diretor Bryan Singer e a figurinista Louise Mingenbach. No entanto, ela disse que o volume foi assunto de muitas reuniões. Na internet, os fãs discutiam que o azul do uniforme era muito escuro e que o S era muito pequeno, mas a maior preocupação do estúdio era com a virilha do Superman. Deveria ser mais modesta, deveria ser grande (já que é um super-homem)? Um volume harmonioso, nem grande nem inexistente, foi a resposta. Uma pessoa passou um mês fazendo uma braguilha (uma peça colocada no escroto) para que o Superman tivesse uma virilha bela, recatada e do lar.

Curiosamente, lá no final dos anos 1970, a mala do Superman do Christopher Reeve também provocou acaloradas discussões entre produtores e o estúdio. Enquanto o estúdio queria uma virilha discreta, os produtores queriam muito volume. “Ou ele tem um grande ou não tem nada”, chegou a dizer o produtor Ilya Salkind. Decidiu-se por um volume considerável e “anatômico”. Pobre Reeve, que literalmente virou o homem de aço com sua braguilha de metal. Nos intervalos, Margot Kidder (Louis Lane) dava uns petelecos na tal braguilha para as risadas da equipe e timidez de Reeve.

Atualmente, o Superman de Cavill perdeu a sunga vermelha (que incialmente remetia ao colã/sungão dos Sansões dos circos) e ganhou a maior mala de todos os filmes. Se ele resolve dançar o Tchan… acaba com Metrópolis.

rapidinha nos bastidores: perfect illusion

Por mais definitivas que sejam as câmeras de hoje, o cinema continua sendo uma ilusão. As pessoas voam, derretem, envelhecem… planetas explodem, animais falam etc etc etc. Mas e quando as ações são corriqueiras e proibidas num ambiente de trabalho, como fumar e beber?

Cigarromad-menO elenco de Mad Men tem doutorado no quesito, até entrou em consenso sobre a melhor marca de cigarro herbal: Ecstacy. Os cigarros sem nicotina nem tabaco são (ou eram) usados por pessoas que estavam tentando largar o vício, e vêm numa infinidade de aromas, desde mentol e rosas até alface. O cheiro parece não agradar muito os atores. Só no primeiro episódio da série, Jon Hamm acendeu 74 cigarros nas dezenas de takes.

Se você quer economizar, dá para fazer um cigarro falso com este tutorial.

Bebidassex-and-the-cityWhisky é outro vício que o elenco de Mad Men conheceu bem. Foram litros e mais litros de chá gelado quente diluído. Já a cerveja era cerveja, mas sem álcool. O elenco de Superbad era menor de idade na época. Os garotos até acharam que ia beber muita cerveja durante as gravações do filme. Se decepcionaram, coitados.

Outras que beberam muitos drinks foram as garotas de Sex and the City, tudo falso também. O famoso Cosmopolitan era água com corante ou suco de cranberry diluído. Ginger ale (refrigerante de gengibre) era o substituto pra champanhe e o vinho era suco de uva. Mas a comida era de verdade, e elas comiam tudo, mesmo fria.

Falando em comida…

Não engula, use o balde. O ator Nick Offerman aconselha os novatos a não comerem nem beberem nas cenas, já que são feitos inúmeros takes. Por isso existe uma coisa chamada spit bucket, o balde para cuspir. Julia Roberts disse que acha o balde nojento e que nunca usa, por isso sofreu ao passar uma manhã inteira comendo pizza nas filmagens de Comer, Rezar, Amar. “Se você vir a cena, no final dela, dá pra ver que eu estou farta. Começamos a filmar às 8 da manhã, às 8:45h, eu já tinha comido 8 ou 10 fatias”. Que glamour!

Cocaínalobo-de-wall-streetNuma entrevista de divulgação do filme Cães de Guerra, Jonah Hill contou que teve bronquite de tanto aspirar cocaína falsa nas filmagens de O Lobo de Wall Street. A cocaína era feita de vitamina D macerada. E quem viu o filme sabe que ele e DiCaprio cheiraram muita vitamina. Hill também contou que para parecer doidão, tomava muito Red Bull e ouvia música “caótica”.

Nudez. Até a nudez tem seus truques. As atrizes usam um tapa-sexo, seja uma calcinha da cor da pele ou uma calcinha sem as laterais, colada estrategicamente para que não haja exposição total nem contato com os documentos do ator, caso seja uma cena de sexo. Já os atores também usam tapa-sexo. Quando é uma cena não muito reveladora, eles usam uma sunga cor da pele. Já numa cena que exige bunda de fora, eles usam uma meia para guardar o que interessa ou uma bolsinha amarrada com um laço ou fita adesiva. Durante as temporadas de True Blood, Anna Paquin foi adepta da calcinha cortada e os atores usaram muitas meias.

Uma outra curiosidade são as perucas para as partes de baixo, chamadas de merkins. Como a depilação está na moda, os maquiadores recorrem a este artifício quando é uma produção de época. Boardwalk Empire usou muito, e o uso estava até especificado no contrato das atrizes. Kate Winslet também usou em O Leitor, porque não deu tempo de deixar crescer, e parece que ela se divertiu com o apetrecho.

A peruquinha é feita de cabelo natural (da cabeça), que passa por um tratamento para parecer pelo pubiano e é colada com um adesivo. Aliás, Jake Gyllenhaal também usou em Amor & Outras Drogas.

Falando no Jake, ele foi flagrado usando um tapa-sexo nos bastidores de Everest.jake-gylenhaal-everest

E quando é para disfarçar os contornos dos documentos na cueca? Uma fatia de pão de forma (sem casca) resolve. Outra saída, pra diminuir o volume na calça, a gente aprendeu no post da Cinderela.

atores que não gostam de se ver

Toda vez que eu vejo o interior da casa de alguém e há uma foto enorme da própria na parede, me dá um misto de admiração e horror. Admiração porque é muita autoestima: a pessoa contratou um fotógrafo pra uma sessão, mandou imprimir a foto gigante e ainda contratou alguém pra colá-la na parede. E horror porque eu simplesmente não conseguiria, não suporto me ver em foto e vídeo. Por incrível que pareça, alguns atores também detestam se ver nas telas.

Maggie Smithdownton abbey maggie smithApós seis temporadas de Downton Abbey, ela ainda não viu um único episódio da série. Ela diz que é muito perfeccionista e que encontra muitos defeitos em sua atuação, então prefere não ver algo que não poderia consertar. A produção já deu um box com todas as temporadas, mas ela não tem o menor interesse e disse estar aliviada de ter terminado a série – usar corselet era terrível.

Matthew Fox e Naveen Andrewslost naveen andrews matthew foxO Jack e Sayid de Lost disseram que nunca viram um episódio da série. Eles liam os roteiros, achavam a história interessante, se emocionavam, mas nunca pararam pra ver o resultado final.

Jared Letoclube de compras dallas jared letoO forever young ganhou o Oscar de ator coadjuvante por Clube de Compras Dallas, porém, ainda não viu a montagem final (ou será que já?). Na época do lançamento, ele confessou que pediu para a produção arrumar um saco de dormir ou uma tenda para que ele pudesse dormir durante a premiere.

Julianne Mooreo setimo filho julianne mooreOutra que não consegue sentar e ver seus próprios filmes. Ela disse que seu interesse é mais na produção que no resultado final.

Adam Drivergirls adam driverAo ver o piloto de Girls, Adam se criticou tanto que nunca mais assistiu a um episódio da série. Mas O Despertar da Força ele viu.

Johnny Deppo turista johnny deppEle jurou para si mesmo que jamais veria um filme seu. Ele apenas lamenta perder o trabalho de seus colegas de elenco. Talvez seja por isso que ele esteja fazendo tanto filme ruim. O que nos leva para…

Angelina Jolie. Ela declarou que não gosta de se ver nas telas e há um ou dois filmes dela que ela não viu. Se for O Turista, nenhum dos protagonistas viu o filme, como bem confessou o Johnny Depp no Globo de Ouro. Enfim, assim como Julianne Moore, ela prefere o processo ao resultado final. Quando ela tem alguma dúvida sobre sua filmografia, ela pergunta ao marido (atualização: perguntava ao ex).

 

o hotel do ryan murphy

ahs hotelA impressão que eu tenho é que o Ryan Murphy descobriu os filmes do David Fincher e teve uma revelação: “vou juntar tudo em American Horror Story: Hotel”. Mais do que nunca, a série picota, copia, cola, remenda e faz um mosaico que é mais Romero Britto que Gaudí. Sai o serial killer dos sete pecados capitais, entra o dos dez mandamentos (ótimo jeito de esticar a novela, Record). E não é apenas Se7en que está em AHS, há também pinceladas de O Clube da Luta e Zodíaco, fora o carpete de O Iluminado e outras mil “homenagens”. O resultado é o de sempre: inconsistência.

São tantas referências pipocando que em alguns momentos a série parece ser uma paródia. O visual é deslumbrante, disso não dá pra reclamar. AHS sempre foi esteticamente linda, às vezes um tanto forçada, mas linda. O problema é que ela é mais estilo que qualquer outra coisa. Talvez por isso Lady Gaga funcione bem neste meio (não, monters, não acho que a Gaga é apenas uma imagem). Ainda não dá para afirmar se ela está bem, pois suas falas foram bastante vagas, mas sua imagem como a vampira Condessa Elizabeth é o tema da temporada – embora isso não signifique muita coisa em narrativa. A pobreza do texto faz a gente se sentir constrangido por atores tão maravilhosos como Kathy Bates, Sarah Paulson e Denis O’Hare. Mas que bom que são eles, senão, a série seria simplesmente terrível.

Voltando a falar da Gaga, ela foi a única a ter uma fala boa, improvisada (segundo Murphy), ao elogiar a estrutura óssea do rosto do Matt Bomer – aliás, não só rosto, a bunda dele foi tão comovente quanto a da Paolla Oliveira. Ela se mostra realmente dedicada e encarou de cara um ménage à quatre. Um acerto de Murphy foi usar sua imagem e colocá-la como coadjuvante, e não como substituta da Jessica Lange. Kathy Bates teve, ainda bem, muito mais tempo de tela. A Condessa deve ganhar mais espaço e falas nos próximos episódios, mas acho que Gaga vai se sair bem.

No fim das contas, AHS Hotel é a mesma promessa que o Ryan Murphy faz em todas as temporadas. Mas a gente quer ver o próximo episódio, sabe se lá por quê.

a treta da boa esposa

the-good-wife-tretaThe Good Wife estreou sua sétima temporada (e possivelmente última) com excelentes críticas. Mas o assunto de hoje foi outro. Quando a série fechou sua sexta temporada, todo mundo estranhou a última cena da Alicia com Kalinda. Parecia que elas tinham gravado a cena separadamente e foram juntadas na edição. E foi assim mesmo, confirmado pela própria Julianna Margulies em entrevista ao Vulture.

Margulies disse que ela fez a cena exatamente como Robert King havia planejado. E que não contracenou com Archie Panjabi por causa de um conflito na agenda. Com todas as letras, ela disse que Panjabi estava fora do país na produção de The Fall. Mas Panjabi desmentiu esta versão no Twitter. Disse que no dia da gravação, estava em Nova York (onde a série é gravada) e estava pronta para a gravação.

Tudo isso só reacendeu as teorias de que as duas não se dão bem. Desde o 14º episódio da quarta temporada (Red Team/Blue Team) que elas não dividiam uma mesma cena. Quando a sexta temporada da série foi anunciada, Panjabi disse que aquela seria sua última temporada. O motivo: um contrato para estrelar uma série da Fox (até agora nenhuma notícia de série). Mas qual é a treta entre as duas?

Dizem que nem o elenco sabe o real motivo, mas que elas não se bicam, a equipe inteira sabe. Até nas festas da produção as duas iam em horários diferentes para não se encontrarem. Uns falam que o motivo da briga seria o marido de Panjabi, mas nenhum detalhe foi revelado. O mais provável é a inveja. Kalinda se tornou uma coadjuvante com grande número de fãs, o que não teria agradado Margulies. E tudo teria piorado quando Panjabi ganhou o Emmy em 2010, e Margulies, não. Com Kalinda sendo jogada para escanteio, Panjabi teria confrontado Margulies e as duas teriam brigado feio. Tão feio que a CBS deixou passar uma cena tão mal feita. Questionada sobre a rixa entre as duas, Margulies disse que não passa de boato.

Muitos falam que Julianna Margulies tem fama de diva, mas segundo o informante do Zé (que fez figuração na série), ela é bem simpática com todos. Nojentinha mesmo é uma colega de elenco.

as mulheres da televisão

Viola Davis arrives at the 2015 HBO Primetime Emmy Awards After Party at Pacific Design Center on Sunday, Sept. 20, 2015, in West Hollywood, Calif. (Photo by Rich Fury/Invision/AP)
Viola Davis arrives at the 2015 HBO Primetime Emmy Awards After Party at Pacific Design Center on Sunday, Sept. 20, 2015, in West Hollywood, Calif. (Photo by Rich Fury/Invision/AP)

Goste você ou não, Sex and the City mudou muito o papel da mulher na televisão. Na época em que foi ao ar o derradeiro episódio, em 2004, Will & Grace fez um episódio (No Sex ‘n’the City) em que Jack e Karen procuravam por uma nova série para substituir Carrie e cia. A regra era dar 5 segundos para cada programa.

Jack: – Homem gordo, mulher magra. Homem gordo, mulher magra. Homem gordo, mulher magra.

Karen: – Homem feio, mulher bonita? A América não está preparada para isso.

No fim dos anos 1990, a tv americana era recheada de sitcoms, e a maioria era assim. As personagens tinham quatro arquétipos: a adolescente nerd e atrapalhada, a adolescente bonitona mas não muito esperta, a mãe destrambelhada ou a mãe esperta e chata. Poucas eram as mulheres independentes com mais de 30 anos. Passados 10 anos, quanta coisa mudou para melhor.

O Emmy 2015 teve a proeza de confirmar que o papel da mulher na tv cresce em quantidade e qualidade. Entre as atrizes indicadas em drama, duas eram negras. E venceu Viola Davis (How to get Away With a Murder, da midas Shonda Rhimes), que cobrou mais oportunidades para atrizes negras. Em outras categorias, Regina King levou o Emmy de atriz coadjuvante em minissérie/telefilme (American Crime), e Uzu Aduba ganhou o Emmy de atriz coadjuvante – drama (Orange is the New Black). E de todas as atrizes indicadas, apenas três não tinham mais de 40 anos.

Duas diretoras foram vencedoras. Lisa Cholodenko, por Olive Kitteridge, uma minissérie essencialmente feminina e que também corou a escritora Jane Anderson e a protagonista e idealizadora Frances McDormand. A outra diretora foi Jill Soloway, criadora, produtora e roteirista de Transparent. Assim como Soloway, Lena Dunham também acumula várias funções. A criadora e protagonista de Girls já ganhou um Globo de Ouro como atriz e teve oito indicações ao Emmy nos últimos três anos. Não é um feito pra qualquer um.

As melhores séries da atualidade, mesmo não tendo mulheres como protagonistas, são guiadas por elas. São personagens fundamentais para que a história avance: The Good Wife, Homeland, Game of Thrones, Penny Dreadful, How to Get Away, American Horror Story, The Americans, Orphan Black e tantas outras. O cenário da tv ainda não é de igualdade. Há pouco tempo, Jane Fonda e Lily Tomlin reclamaram que seus cachês como protagonistas de Grace and Frankie foram menores que dos coadjuvantes Sam Waterston e Michael Sheen. Mas pelo menos já é bem melhor que no cinema, onde apenas quatro mulheres foram indicadas ao Oscar de direção. E isso numa história de 87 anos. Entre 15 diretores, apenas uma é mulher.

Os estúdios dizem que querem contratar mais diretoras, mas que atualmente, estão investindo menos em comédias e dramas – gêneros “mais femininos”, segundo eles. O boom ainda pertence aos super heróis. Vale lembrar que hoje, as mulheres estão indo mais ao cinema que os homens. Mas e na tv? Bom, na tv, heroínas já são realidade. Agente Carter estreou muito bem na ABC e volta para a segunda temporada, enquanto Supergirl e Jessica Jones estreiam até novembro. No mais, a evolução continua.

*post singelo e que merecia mais aprofundamento, mas de coração.